Sérgio Conceição revela o que nunca disse a Iker Casillas


Sérgio Conceição foi um dos protagonistas do primeiro episódio de "A dobradinha", reportagem que passou na noite desta quinta-feira no Porto Canal e na F. C. Porto TV. A dada altura, o discurso do treinador coincidiu com o de Iker Casillas, o que o levou a puxar a cassete atrás para recordar o momento em que atirou o espanhol para o banco de suplentes, em 2017/18.

No autocarro do F. C. Porto, na viagem de regresso à Invicta depois da conquista da Taça de Portugal, em Coimbra, Casillas referiu: "Um conselho de velho: desfrutem este troféu como se fosse o último porque nunca se sabe quando vai ser o seguinte. Este troféu não se vive, tem de se pensar já no próximo".

Mais tarde, Sérgio Conceição disse algo idêntico e, ao ser informado de que o antigo guarda-redes partilhava da mesma opinião, não deixou de falar sobre a relação com ele, nomeadamente sobre o momento em que o mandou para o banco de suplentes, em 2017/18 por ele se ter aplicado pouco nos treinos, durante uma paragem competitiva devido aos jogos das seleções.

"O Iker pensa assim e muito bem, é um ganhador como todas as pessoas que foram grandiosas neste clube. As pessoas podem pensar que é uma conversa de 'chacha', mas não é, eu não sou assim, isso não tem nada a ver comigo", introduziu o treinador do F. C. Porto.

E prosseguiu: "O Iker pensa que o momento mais importante e forte dele no F. C. Porto foram as defesas nos jogos, mas não foi. Já tive a oportunidade de lhe dizer grande parte, mas não tudo o que estou a dizer aqui. Obviamente teve exibições boas, mas foi principalmente o que fez nos treinos. E quando não esteve bem nos treinos, senti-me na obrigação, perante o que era a minha justiça, de achar que não devia jogar".

Nessa altura, avançou José Sá e Casillas ficou no banco. "A partir desse instante foi o jogador mais importante da equipa, um exemplo para toda a gente. Ganhou imensos títulos, muitos deles internacionais, e mesmo assim foi capaz de passar o verdadeiro simbolismo do F. C. Porto, uma humildade muito grande, meter a equipa à frente dos objetivos pessoais... Isso para mim foi fundamental", explicou o técnico para terminar, depois.

"Por muito concentrado que estivesse no jogo, eu olhava para o banco, de esguelha, e via o Iker a viver o jogo como ninguém", rematou Sérgio Conceição, confirmando, por fim, que na final da Taça de Portugal desta época foram os capitães portistas que demonstraram a vontade de chamar Iker para erguer o troféu com Danilo Pereira. "Eu sublinhei a ideia e aplaudi. É uma referência do F. C. Porto, sem dúvida".

Sérgio Conceição, de resto, ainda puxou a cassete mais atrás para o momento em que pôs o lugar à disposição de Pinto da Costa, em janeiro, depois de o F. C. Porto ter perdido a final da Taça da Liga para o S. C. Braga, anunciando que havia falta de união no clube.

"Senti que, por vezes, houve pessoas com responsabilidades que não estiveram tão ligadas e tão associadas a esse sentimento que nós temos, que me deixou triste. Daí as pessoas pensarem que o meu grito da revolta, em janeiro, no final da Taça da Liga fosse contra pessoas que faziam parte do nosso trabalho diário e não foi. Se calhar foi mais externo do que aquilo que as pessoas pensam. Daí o meu alerta... As pessoas têm de perceber que eu e a minha equipa queremos ganhar mais do que ninguém".


Fonte: www.jn.pt



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